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CECAN alerta: a luta contra o câncer é diária

Dia Mundial do Combate ao Câncer, oncologista reforça o efeito “mágico” da prevenção

Neste domingo, 08 de abril, Dia Mundial do Combate ao Câncer, é importante lembrar que a luta contra a segunda doença que mais mata pessoas no mundo é diária e exige ainda mais atenção de todas as nações, líderes governamentais e do público em geral para a importância do diagnóstico precoce.

O CECAN- Centro do Câncer da Santa Casa de Piracicaba, por exemplo, está prestes a completar 25 anos com a surpreendente marca de 21 mil pacientes atendidos neste período, 70% deles pelo Sistema Único de Saúde/SUS. Se, por um lado, os números assustam e evidenciam o crescimento vertiginoso da doença; por outro, é sinal de que o registro dos milhares de novos casos a cada ano está, de fato, desvendando um universo antes relegado ao medo e ao preconceito.

“Era muito comum as pessoas se referirem ao câncer como doença ruim; pois tinham medo até de pronunciar esta palavra”, revela o oncologista Fernando Medina, diretor da Unidade ao lado dos oncologistas André Moraes e Mary Thereza da Silva. Segundo ele, o grande problema deste tipo de tabu é que ele afasta as pessoas do médico. “Pode parecer inacreditável mas, ainda hoje, muitas pessoas preferem nem saber que têm a doença”, disse.

O fato é que, conforme estatísticas do INCA- Instituto Nacional do Câncer, a incidência da doença está mesmo aumentando no mundo todo devido ao crescimento da população, à maior longevidade desta população e, sobretudo, aos hábitos de vida adotados por ela. “O câncer provoca oito milhões de mortes no mundo todos os anos”, disse Medina, lembrando que pelo menos um terço dessas mortes poderia ser evitado com mais prevenção, detecção precoce e acesso aos tratamentos existentes.

Só no CECAN, serviço que atendeu 108 pacientes em seu primeiro ano de funcionamento, 1994, cerca de 1.200 novos casos da doença são registrados a cada ano. 60% deles são provenientes de Piracicaba; o restante, dos outros 25 municípios que compõem a base regional de saúde para os quais o CECAN é referência em diagnóstico e tratamento do câncer por meio da radioterapia, quimioterapia, hormonioterapia e/ou radiocirurgia.

Para 2030, entretanto, as projeções são ainda piores e, segundo a OMS- Organização Mundial da Saúde, podem-se esperar 27 milhões de casos incidentes de câncer, 17 milhões de mortes por câncer e 75 milhões de pessoas vivas convivendo com a doença no mundo. Os tipos mais incidentes serão os cânceres de pele não melanoma, próstata, pulmão, intestino e estômago para o sexo masculino; e os cânceres de pele não melanoma, mama, colo do útero, intestino e glândula tireóide para o sexo feminino. “É visível que, nas últimas décadas, o câncer ganhou uma dimensão maior, convertendo-se em um problema de saúde pública mundial”, avalia o oncologista.

Ele explica, entretanto, que embora a prevenção do câncer nem sempre seja possível, há fatores de risco que estão na origem de diferentes tipos de tumor e que podem ser evitados. Os principais são o tabagismo, bebidas alcoólicas, dieta gordurosa e pobre em fibras, vida sedentária e obesidade. Para Medina, toda pessoa pode, e deve, contribuir com a redução da incidência do câncer conhecendo e cuidando do próprio corpo ao evitar os fatores de risco. “É preciso analisar o que é bom e evitar o que é ruim; pois a observação desses hábitos e do impacto deles no organismo, associados ao cuidado regular com a saúde, podem evitar o câncer ou levar ao diagnostico precoce da doença”, observa o médico.

Segundo Medina, isso é prevenção e a prevenção ainda é o melhor caminho para se evitar a doença. Ele explica que há dois tipos de prevenção: a primária e a secundária. A primeira consiste na mudança dos hábitos pessoais de um indivíduo com o objetivo de reduzir a influência dos fatores ambientais causadores da doença por meio de uma dieta balanceada, atividade física regular, ausência de fumo e bebidas alcoólicas e manutenção de exames médicos de rotina. A segunda, foca no diagnóstico precoce, partindo da premissa de que, quanto antes for feito o diagnóstico do câncer, maiores são as chances de cura do paciente. “Isso também tem um impacto econômico, uma vez que os altos custos do tratamento podem ser evitados quando há um programa de prevenção eficiente e de baixo custo”, explica Medina.

O oncologista revela que, com esta premissa, o CECAN implantou um programa de campanhas preventivas e com forte apelo social por meio do programa Sábado Sem Câncer, intensificando as estratégias para ampliar o acesso da população ao diagnóstico e tratamento do câncer. “Foram iniciativas pioneiras que, de julho de 1997 a agosto de 2015, resultaram na realização de diversas campanhas preventivas com atendimento gratuito à população com vistas à prevenção, diagnóstico e tratamento de diversos tipos de cânceres a mais de 5.000 pessoas”, disse Medina.

Outra iniciativa importante do CECAN foi a formação de grupos de apoio para troca de experiências, a exemplo do Grupo Terapêutico, que proporciona amparo e encorajamento; o Grupo de Artesanato, que consolida vínculos e aproxima pessoas; o Grupo dos Ostomizados, que conta com apoio de profissionais da saúde para promoção do autocuidado e readaptação na sociedade; e o Grupo “Amigas da Onça”, formado por pacientes e ex-pacientes do CECAN que transmitem mensagens de incentivo e se apresentam como modelos de superação.