Acompanhamento nutricional é essencial no controle do câncer

CECAN aplica terapia alimentar para recuperar ou manter o estado nutricional do paciente

Alimentar-se bem, com a ingestão diária dos nutrientes necessários ao organismo, sempre foi uma das ferramentas mais importantes contra a maioria das doenças que assolam a humanidade; e não seria diferente com o câncer.

Segundo a nutricionista Pedrita Morato Scarazatti Soave, do CECAN- Centro do Câncer da Santa Casa de Piracicaba, o acompanhamento nutricional é essencial para auxiliar na recuperação ou manutenção do estado nutricional do paciente portador de câncer, contribuindo para a melhor tolerância ao tratamento e para sua melhor qualidade de vida.

“Também orientamos sobre o manejo da alimentação frente aos possíveis eventos adversos ao tratamento, com o objetivo de esclarecer o impacto da nutrição e tentar prevenir as possíveis complicações associadas à má nutrição”, disse a nutricionista.  Segundo ela, com alimentação adequada é possível melhorar a tolerância ao tratamento proposto, reduzir complicações de morbimortalidade e melhorar a qualidade de vida.

Pedrita explica que geralmente, a desnutrição nesses pacientes decorre da redução na ingestão de alimentos, das alterações metabólicas provocadas pelo tumor e do aumento da demanda calórica para crescimento do tumor. Desta forma, a desnutrição em indivíduos com câncer é muito freqüente, devido inclusive à redução do apetite, a dificuldades mecânicas para mastigar e deglutir alimentos, aos efeitos colaterais do tratamento e ao jejum prolongado para exames pré ou pós-operatórios.

“A prevalência de desnutrição pode variar entre 30% e 80%, dependendo do tipo do tumor, sendo grave em 15% dos doentes que apresentam perda de peso habitual maior do que 10% em seis meses”, esclareceu lembrando que, frequentemente, a perda de peso não intencional é o primeiro sintoma e precede o diagnóstico.

Pedrita explica que, no CECAN, a terapia nutricional (TN) é um trabalho em equipe e começa quando o médico oncologista encaminha o paciente para a nutricionista, com a proposta de prevenir ou reverter o declínio do estado nutricional, de forma a evitar a progressão da doença. “A indicação da TN deve seguir critérios que visem à individualidade do paciente, ao estado nutricional, ao estágio da doença, aos efeitos do tratamento e à função gastrointestinal”, observou.

Os atendimentos acontecem em dois dias na semana, quando cerca de 16 pacientes passam por consulta nutricional, tendo-se como prioridade aqueles que se encontram em estado mais crítico, com perda ponderal importante. As consultas são realizadas de maneira individualizada, com ênfase nas especificidades de cada paciente para recuperar ou manter o estado nutricional.