Cecan

Novembro Azul

Cura preventiva

Campanha de conscientização sobre o câncer de próstata foca o diagnóstico precoce

André Augusto de Moraes diz que câncer de próstata provoca, anualmente, a morte de cerca de 13 mil brasileiros

Mais uma vez, a campanha Novembro Azul vai entrar em campo amplificada por instituições sociais/filantrópicas, hospitais, ONGs, pela iniciativa privada e pelo poder público. O chamamento é na tentativa de levar informação e estimular o rastreamento preventivo do câncer de próstata, doença que, anualmente, provoca a morte de cerca de 13 mil brasileiros.

O câncer de próstata é considerado o “câncer da Terceira Idade”, por sua prevalência nos indivíduos mais idosos – cerca de três quartos dos casos registrados no globo ocorrem em homens com mais de 65 anos. Trata-se do segundo tipo de câncer mais comum entre homens, só fica atrás do câncer de pele não-melanoma, segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca).

“Em 2018, quase 70 mil novos casos de câncer na próstata devem surgir no Brasil, segundo estimativas. E no mundo, as projeções indicam quase 1,4 milhão de novos diagnósticos da doença”, comenta o médico oncologista André Augusto Junior Gemeinder de Moraes, que é um dos diretores do Centro do Câncer da Santa Casa de Piracicaba (Cecan), que recentemente celebrou 25 anos de atividades.

De acordo com Moraes, o Cecan atende cerca de 1.000 pacientes (com diferentes tipos de câncer) por ano. E o câncer de próstata é o recordista nas estatísticas, respondendo por 28% dos atendimentos. O Cecan desenvolve campanhas de prevenção ao câncer desde 1997, antes mesmo do Novembro Azul, destaca Moraes.

O oncologista ressalta a importância da prevenção primária do câncer de próstata, já que o índice de cura da doença em casos de diagnóstico precoce chega a 90%. “O câncer não é uma doença que nasce do dia para a noite, ele tem um período de evolução. Então, temos uma oportunidade temporal de antecipar o diagnóstico e, assim, fazer intervenções curativas”, declara o diretor do Cecan.

Em linhas gerais, preconiza-se o início do rastreamento do câncer de próstata em torno dos 50 anos de idade. “Essa é uma orientação para a população que não possui histórico de câncer de próstata na família e para homens que não sejam afro-descendentes”, observa. “Isso porque dados observacionais e teorias genéticas apontam a incidência mais precoce do câncer de próstata em indivíduos afrodescendentes. Então, para esses homens o rastreamento deve começar aos 45 anos”, afirma.

O rastreamento do câncer de próstata deve ser anual, recomenda o oncologista. O ideal é a combinação do exame de PSA (Antígeno Prostático Específico), que investiga a dosagem de proteína no sangue, e o exame de toque retal. “O exame de PSA é simples e rápido, e pode dar ao médico informações seguras sobre a próstata. Porém, o exame de toque é necessário porque existe um número não desprezível de indivíduos que desenvolvem o câncer de próstata, mas não aumenta o PSA, ou seja, o exame não aponta a doença. Isso ocorre em aproximadamente 18% dos pacientes com câncer de próstata”, salienta.

“Os pilares do tratamento de câncer de próstata são os mesmos dos outros tipos de cânceres, incluem a cirurgia, a radioterapia e o tratamento sistêmico, que genericamente é conhecido como quimioterapia, mas que, na verdade, trata-se de um bloqueio hormonal”, explica Moraes.


MARCELO ROCHA
Da Gazeta de Piracicaba
marcelo.rocha@gazetadepiracicaba.com.br