Cecan

Dia Mundial do Câncer

O que você pode fazer contra o câncer?

Seja protagonista de sua história, abandone vícios e mantenha-se atento aos exames de rotina, à alimentação saudável e às atividades físicas regulares

“Nossa luta é pelo avanço de um projeto de lei que contribui para o aumento de diagnósticos em estágios mais iniciais da doença”, disse Medina.

Todo mundo está cansado de saber que quase 10 milhões de pessoas perdem a vida para o câncer todos os anos no mundo. Assusta também imaginar que, até 2030, a doença será a principal causa de morte, segundo projeções da Agência Internacional de Pesquisa Sobre o Câncer (IARC).


Mas é sabido, também, que esses números poderiam ser menores se o câncer fosse detectado mais cedo, permitindo um tratamento mais eficaz e assertivo. Então, independente do poder público, a reflexão que se coloca neste 4 de fevereiro, Dia Mundial do Câncer, é o que você pode fazer para ajudar a evitar o avanço da doença, enquanto cidadão comprometido consigo mesmo e com o próximo.

Apesar das estatísticas apontarem para um futuro preocupante com relação ao crescimento vertiginoso do câncer, o oncologista Fernando Medina, diretor do CECAN- Centro do Câncer da Santa Casa de Piracicaba acredita que a comunidade científica e a sociedade civil saberão se movimentar no sentido de posicionar cada indivíduo, instituição, empresa, governo e a própria comunidade como potencial vetor de transformação e redução do impacto do câncer.


“Na verdade, este movimento já começou; não tem outra saída; todos precisam se envolver e fazer a sua parte, uma vez que o câncer está relacionado, também, à descontinuidade do tratamento e aos maus hábitos que, por sua vez, resultam em má qualidade de vida”, argumentou o oncologista ao apontar a atividade física regular, a alimentação saudável e o abandono de vícios, a exemplo do álcool e do tabaco, como compromissos humanos que devem ser selados contra a doença.


Ele revela que outra ação necessária neste sentido é a mobilização social por políticas de saúde pública mais efetivas e abrangentes. “No Brasil, a Federação Brasileira de Instituições Filantrópicas de Apoio à Saúde da Mama (FEMAMA), tenta fortalecer a luta pelo avanço de um projeto de lei que pode contribuir com o aumento de diagnósticos em estágios mais iniciais da doença”, disse Medina.

Segundo ele, trata-se do PLC 143/2018, ou PLC dos 30 Dias, aprovado pela Câmara em dezembro de 2018 e enviado ao Senado Federal. “O projeto determina que, em casos nos quais há a hipótese de um diagnóstico de câncer, os exames necessários à elucidação da doença, bem como sua confirmação em biópsia, devem ser realizados em um prazo máximo de 30 dias no Sistema Único de Saúde (SUS)”, explica.


Medina revela que, hoje, não há um prazo definido para a confirmação do câncer e a espera indeterminada pelo início do tratamento pode fazer com que a doença evolua sem que qualquer medida efetiva contra ela possa ser tomada.


Dados da Sociedade Americana do Câncer (ACS) mostram que nos Estados Unidos as chances de sobrevida após cinco anos de uma paciente com câncer de colo de útero que teve diagnóstico nos estágios iniciais é de 93%, contra apenas 15% nos casos em que o diagnóstico é feito em estágios mais avançados, por exemplo.


Segundo Medina, de uma maneira geral, o que se observa é o aumento da taxa de sobrevivência após o tratamento do câncer que, embora não seja igual para todos os tipos de tumor, tem crescido nas últimas três décadas. “O resultado é reflexo da evolução tecnológica, da qualificação profissional e, sobretudo, do maior acesso que o paciente tem à informação, ao diagnóstico e ao tratamento, que deve ser seguido à risca”, pontuou.