O programa Sábado Sem Câncer realizado pelo CECAN- Centro do Câncer da Santa Casa de Piracicaba no último dia 20 para prevenir e detectar precocemente a hepatite e o câncer de fígado, registrou a participação de 452 pessoas.

“Estávamos preparados para atender 500 pessoas com os testes rápidos cedidos pela Prefeitura Municipal via secretaria de Saúde e Cevisa- Centro de Vigilância em Saúde”, disse o oncologista Fernando Medina, coordenador do Programa.

O atendimento ao público foi feito por uma equipe composta por 11 profissionais médicos e outros 50 profissionais das áreas de enfermagem e apoio, no período das 8 às 16h, com extrema tranquilidade, mediante todos os protocolos de segurança.  “Contamos também com o apoio do Laboratório Bayer, do Plano Santa Casa Saúde Piracicaba, da APM Piracicaba e da Pastoral da Saúde de Piracicaba, sendo esta última a entidade indicada para receber os alimentos arrecadados durante a Campanha”, revelou.

Com relação às características dos participantes, 151 pessoas (33,4%) eram do sexo masculino e 301 (66,6%), do sexo feminino. Eles tinham idade entre 19 e 87 anos, com idade mediana de 49 anos. A maioria, 82%, era da raça branca; 60% tinha o ensino médio; 21%, o ensino superior 21 % e 18%, o primário completo.

Do total de participantes, 11% relatam ter tido hepatite, 66% estavam vacinados contra a hepatite B, 8% já receberam transfusão de sangue, 8% têm antecedentes de doença sexualmente transmissíveis, 1,6 eram usuário de droga injetável, 1,3% eram usuários de glucoenergan, 31% usaram seringa de vidro, 6% tinham parceiro com hepatite diagnosticada, 27% apresentavam tatuagem e 3% eram homossexuais.

“Os testes rápidos mostraram que 2,5% dos participantes testaram positivo para a hepatite C e terão os resultados confirmados com a sorologia, já colhida durante a campanha”, explica Medina.  Segundo ele, esses pacientes serão reavaliados no CECAN e encaminhados ao Centro de Vigilância em Saúde da Prefeitura de Piracicaba para tratamento.

Ele conta que a campanha consistiu de uma médica com interrogatório sobre hábitos de vida  para avaliar a possibilidade de contaminação pelo vírus da hepatite; exame de sangue rápido para avaliação da presença de anticorpos circulantes e, na suspeita, coleta de sorologia para classificação da hepatite. “Numa segunda etapa, pacientes diagnosticados com hepatite serão submetidos a exames de imagem para diagnóstico de hepatopatia crônica”, disse Medina.

Medina comemora a boa adesão à Campanha, lembrando que o câncer de fígado é o sexto tumor mais frequente e o segundo maior causador de morte no mundo. “Só no Brasil, 11.000 pessoas morrem anualmente em decorrência deste tumor, considerado um dos mais resistentes ao tratamento”, observou o oncologista. Ele revela que ainda não há quimioterapia ou radioterapia eficientes para o tratamento curativo da doença, que acomete pessoas com idade entre 55 e 65 anos em 36% dos casos.  

Para o oncologista, o que chama a atenção é que o principal agente causal do câncer  de fígado é a cirrose causada pelas hepatites B e C. “São duas doenças infecciosas  que podem ser controladas”, disse Medina. Ele lembra que o tratamento para a hepatite B já dispõe de vacina altamente eficiente e, o de hepatite C, tem antivirais disponíveis.

“A hepatite B crônica é a maior causa de cirrose hepática e a hepatite C é a  responsável por 50% dos casos de hepatocarcinoma”, considerou Medina reforçando a importância da detecção precoce do câncer de fígado, doença silenciosa que, na maioria das vezes, apresenta diagnóstico tardio dificultando o sucesso no tratamento.