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CECAN registra aumento nos casos de câncer em estágios mais avançados

Pandemia justifica redução de pacientes em tratamento e agravamento da doença

O oncologista Fernando Medina alerta para o aumento de 2,5% no índice de mortalidade por câncer no mundo em 2021

Há um ano, o mundo lembrava o Dia Mundial de Combate ao Câncer, 08 de abril, alertando a população sobre a importância da prevenção e dos hábitos saudáveis de vida no controle da doença, a segunda que mais mata pessoas em todo o mundo.

Nos dias atuais, entretanto, devido à pandemia do coronavírus, o desafio está em superar os entraves do sistema e a insegurança dos pacientes para que a assistência ao câncer volte a se normalizar.

Segundo o oncologista Fernando Medina, diretor do diretor do CECAN- Centro do Câncer da Santa Casa de Piracicaba, estudos recentes desenvolvidos na Inglaterra mostram que, em 2021, o mundo registrará um aumento de 2,5% na mortalidade por câncer devido ao diagnóstico tardio da doença.

Ele revela que, desde o início da pandemia, exames preventivos como a mamografia, colonoscopia e endoscopia digestiva entre outros exames mais agressivos, foram reduzidos mais de 60%. “Isso certamente vai atrasar diagnóstico do paciente com câncer”, disse.

A grande preocupação do oncologista e da comunidade cientifica do mundo é que o diagnostico tardio aumenta o índice de mortalidade.

Só no CECAN, por exemplo, houve uma queda de mais de 40% dos casos novos de câncer; aqueles identificados em estágio clínico 1 e 2, quando as chances de cura são de até 90%. “Quando a pandemia passar, esses casos chegarão a nós já mais avançados, em estágios clínicos 3 e 4, quando são mais remotas as possibilidades de cura”, disse o oncologista.

Ele conta que, antes da pandemia, 30% dos casos de câncer de mama eram diagnosticados no CECAN em estágios 3 e 4. Hoje, esse número saltou para 50%. “Perdemos 20% de casos novos com diagnóstico estágio clinico inicial, para casos mais avançados”, revelou lembrando que a Unidade recebia cerca de 1.200 novos casos da doença todo ano.

Ele atrela a redução de pacientes em tratamento e o maior avanço da doença ao medo da população, que afastou os pacientes dos centros médicos; e à estrutura de assistência, que suspendeu as cirurgias eletivas, entre elas as de câncer, direcionando leitos de UTI e todos os esforços assistenciais no combate à covid-19.

“O câncer é doença progressiva e não deve ser tratada como eletiva; o quadro é de urgência pois quanto mais se espera para início ou continuidade da assistência oncológica, mais comprometido fica o estado do paciente diante da evolução da doença”, considerou.

A orientação, segundo Medina, é que os pacientes não interrompam o tratamento. “Desde o início desta pandemia, temos tido uma grande preocupação com a segurança do paciente e estamos preparados para recebê-lo dentro de todas as normas e protocolos de prevenção”, assegurou.