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DIA MUNDIAL DO CÂNCER

Oncologista revela avanços e aposta na cura do câncer

Controle da doença deve envolver capacitação profissional e educação comunitária

Pode parecer contraditório dedicar um dia para a segunda causa de morte no mundo, mas instituir o Dia Mundial do Câncer tem sido fundamental para chamar a atenção da população para uma doença pandêmica que tem como tendência aumentar sua incidência e sua mortalidade a cada ano.

O alerta é do oncologista Fernando Medina, diretor do CECAN-Centro do Câncer da Santa Casa de Piracicaba, que defende movimentos coletivos para ‘eliminar o câncer da face da terra’, conforme suas próprias palavras. A Unidade atende 1.200 novos casos de câncer por ano – 58% são tumores de mama e próstata, com altos  índices de cura e sobrevida devido também aos grupos de apoio instituídos para humanizar a assistência.

 “Todos devemos manter o compromisso de achar novos caminhos de prevenção e tratamento do câncer, doença que tira a vida de mais de 10 milhões de pessoas todos os anos no mundo”, disse.

Segundo ele, a redução e controle do câncer passa pela conscientização da população através da educação comunitária para que o indivíduo possa conhecer o seu corpo e aprender a se manter alerta para identificar características e sintomas associados ao surgimento de tumores cancerígenos.

Medina defende também maior capacitação das equipes de saúde da rede pública para o diagnóstico precoce e melhor estadiamento da doença de forma a determinar a localização e a extensão do tumor.

O oncologista lembra que, apesar de grave, em seu início, o câncer pode apresentar alguns sinais, como ferida que não cicatriza; pinta que mudou de cor, cresceu ou sangrou; dificuldade ou dor ao engolir; dor epigástrica, mudança de  voz ou rouquidão há mais de 15 dias; mudança do hábito intestinal; sangue nas fezes ou na urina; ou nódulos mamários, nas axilas e pescoço, que podem indicar o surgimento de um tumor e que, portanto, devem ser investigados com mais afinco.

Segundo ele, se por um lado o câncer ainda assusta e a comunidade científica tenha inúmeros desafios pela frente; por outro, os inúmeros avanços da medicina, associados à possível e necessária capacitação profissional e ao melhor comportamento da população com relação à prevenção, são indícios claros de que a cura para o câncer está próxima.

“Eu acredito na cura do câncer e posso provar”, disse Medina, citando as lesões iniciais do câncer de colo uterino curáveis em 100% das vezes, o câncer de testículo com índice de cura próximo de 100% em seu início e o câncer de mama em estágios zero, um e dois, curáveis em mais de 90% das vezes.

“Temos apresentado resultados fantásticos que nos permitiram elevar de 50% para 70% o índice de sobrevida de pacientes com câncer nos últimos 10 anos”, observou.

Ele lembra que a Ciência tem promovido avanços surpreendentes, a exemplo da terapia alvo dirigida cujo tratamento oral em sua maioria não apresenta os efeitos da quimioterapia convencional; e da imunoterapia, instituída há 10 anos com importantes resultados no combate a tumores mais agressivos, como o melanoma, o câncer renal e o de pulmão.

“Para se ter uma ideia dos avanços proporcionados pela imunoterapia, a sobrevida média do paciente com câncer de pulmão pulou de 8 meses para 18 meses, o que revela um avanço muito grande em pouco tempo, principalmente porqueo câncer de pulmão é hoje, a principal causa de morte no mundo inteiro”, considerou.

O oncologista apontou também os avanços da computação gráfica associados à radioterapia, que tem demonstrado drástica redução dos efeitos colaterais ao incidir o tumor sem atingir os tecidos normais; e  a cirurgia minimamente invasiva, realizada em sua maioria através de laparoscopia ou toracoscopia de forma a garantir maior qualidade ao processo de recuperação do paciente.

Lembrete do oncologista: atividade física regular, não beber, não fumar e alimentação saudável ainda são requisitos básicos no tratamento do câncer, bem como de todas as demais doenças.

 

Pandemia não deve interromper tratamento do câncer

 

Estudos revelam que, por medo de se contaminarem em época de pandemia, muitas pessoas deixaram de lado os exames preventivos do câncer, reduzindo sensivelmente as chances de sucesso do tratamento.

Segundo o oncologista Fernando Medina, números da Fundação do Câncer mostram que houve queda de 84% no número de mamografias feitas no Brasil nos primeiros nove meses de 2020 na comparação com o mesmo período de 2019.

“As reduções são sentidas em todas as estruturas de tratamento do câncer”, disse Medina, alertando que os diagnósticos tardios repercutem negativamente nos prognósticos do paciente com câncer porque reduzem as chances de melhores resultados no tratamento.

O oncologista revela ainda que, segundo estimou o Instituto Nacional de Câncer dos Estados Unidos, a falta de rastreamento e tratamento da doença durante a pandemia elevará em cerca de 1% o número de mortes por câncer no país.

“Com respaldo de protocolos de segurança, o controle e combate ao câncer e à pandemia devem caminhar juntos”, observou Medina, lembrando que a luta contra o câncer continua, apesar da pandemia.

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