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CECAN e Jovem Pan News lançam alerta de prevenção ao linfoma

No Agosto Verde, a atenção volta-se ao câncer linfático, que pode se apresentar em forma de nódulo ou caroço no pescoço, axila e região inguinal

Medina falou por 16 minutos à emissora para levar o recado da prevenção

O médico oncologista Fernando Medina, diretor do CECAN- Centro do Câncer a Santa Casa de Piracicaba, falou à Rádio Jovem Pan News Piracicaba na manhã desta quarta-feira, 10, para esclarecer e orientar ouvintes de Piracicaba e região sobre a prevenção do linfoma, que é um tipo de câncer.

Entrevistado por 16 minutos durante o programa Jornal da Manhã pelo apresentador Marcelo Sá e pela jornalista Cristiane Sanches, o especialista abordou os vários aspectos de uma doença que, a cada ano, acomete 10 mil pessoas e levam outras 4 mil a óbito no Brasil, conforme o Inca (Instituto Nacional do Câncer).

Fernando Medina lembra que o mês de agosto chama para a sensibilização e prevenção do linfoma e explica que a doença começa no sistema linfático, onde pequenas estruturas chamadas linfonodos ou gânglios linfáticos, funcionam como filtros para substâncias nocivas.

Segundo ele, esses linfonodos contêm células do sistema imunológico, os linfócitos, que ajudam a combater infecções atacando e destruindo germes que são transportados pelo líquido linfático. “Quando esse linfócito é alterado por alguma mudança no organismo, ele passa por um processo de mutação e se transforma no câncer conhecido como linfoma de Hodgkin que, por sua vez, se apresenta nas formas de linfoma de Hodgkin e linfoma não-Hodgkin”, explica.

Segundo ele, o linfoma de Hodgkin é mais frequente no adolescente e no adulto jovem, sendo curável em 90% dos casos; enquanto o linfoma não Hodgkin acomete pessoas mais velhas e é um pouco mais grave e pode se apresentar na forma de 20 doenças diferentes.

Os principais sintomas do linfoma é o aparecimento de um nódulo ou um caroço no pescoço, na axila, na região inguinal ou também tórax e abdômen, com a presença de febre, sudorese noturna, prurido ou coceira no corpo. Daí a necessidade de manter os exames de seguimento e o autoexame no banho, para verificar se a fossa, axila ou região inguinal apresentam gânglios linfáticos. “Eles são perceptíveis ao toque devido à consistência do linfonodo, que é duro e fixo”, revela o oncologista.

A idade parece ser o fator de risco mais prevalente para a doença, que acomete geralmente pessoas com mais de 60 anos e indivíduos imunossuprimidos, a exemplo dos portadores de HIV e pacientes que fazem uso de substâncias para diminuir a imunidade nos transplantados renais, por exemplo. “Pacientes muito jovens  submetidos  à radioterapia e radiação ionizante também apresentam maior risco para desenvolver o linfoma, que não é heriditário”, complementa Medina.

Ele informa ainda, que o tratamento para o câncer linfático não é cirúrgico. “A cirurgia é utilizada só para o diagnóstico através de biopsias”, disse. O tratamento do linfoma de Hodgkin na maioria das vezes se dá à base de quimioterapia, imunoterapia e radioterapia, devido à regularidade no aparecimento da doença.

Já o linfoma não-Hodgkin é meio desordenado e pode aparecer em vários locais, podendo ser mais agressivo a depender do tipo de célula. Medina revela que, nestes casos, a primeira abordagem com vistas ao tratamento é feita à base de quimioterapia e imunoterapia com 70% de chance de cura na maioria das vezes; caso contrário, parte-se, então, para o transplante autólogo de medula óssea.

“O tratamento tem mudado muito. Antes tínhamos um grupo de remédio que destruíam células em divisão, inclusive as células boas; hoje, com o tratamento alvo dirigido, é possível disparar a medicação apenas contra as células do câncer”, conta.

Como efeitos colaterais, o tratamento pode provocar queda de cabelo, náusea, vômito, baixa na imunidade e risco de infecção, sobretudo nos 35% dos tumores de alto grau que resistem à quimioterapia, que continuam presentes ou que apresentam recidivas nos 24 meses subsequentes.

“Isso justifica a necessidade imperativa de o paciente manter consultas periódicas com o oncologista ou hematologista até completar cinco anos de acompanhamento médico e exames complementares, que é o tempo que a gente projeta uma possível recidiva, ou seja, retorno do câncer”, explicou.

Medina lembra que, nestes cinco anos de pós-tratamento, o paciente deve seguir uma dieta saudável e, assim, evitar fatores desencadeantes de outros tumores como o fumo e bebidas alcoólicas. Ele indica dieta à base de frutas e legumes vermelhos e amarelos, que são protetores das células; e exames regulares de controle.

Com relação ao futuro, Fernando Medina aposta na imunoterapia, que surgiu há 10 anos e já se apresenta como tratamento revolucionário, inclusive na imunologia, de forma que em breve, a medicina possa ‘aposentar’ as drogas quimioterápicas.

Ele cita também o surgimento de cânceres raros, produtos do desenvolvimento da tecnologia e dos exames de imagem e moleculares. Segundo o oncologista, isso ocorre porque a população tem vivido mais fazendo com que um grande número de pacientes mais velhos, na faixa dos 85 anos, se submeta a quimioterapia e à radioterapia. “Há algumas décadas, não havia tratamento oncológico para pessoas com mais de 60 anos”, lembrou.

O oncologista finaliza, ressaltando que diante da atual evolução da farmacologia e das medicações, a idade não limita o tratamento.