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Sete em cada dez mulheres com câncer de ovário vão a óbito no Brasil

Conhecido como ”assassino silencioso”, o tumor só apresenta sintomas mais óbvios quando a doença já atingiu estágio mais avançado

De todos os tumores ginecológicos, o câncer de ovário é o mais letal, levando a óbito sete a cada dez pacientes no país, segundo a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia.

“Só este ano, segundo o INCA- Instituto Nacional do Câncer, 7.310 novos casos de câncer de ovário serão diagnosticados no Brasil”, disse a oncologista Mary da Silva Thereza, do CECAN- Centro do Câncer da Santa Casa de Piracicaba, ao ressaltar a importância Dia Mundial do Câncer de Ovário, celebrado em 8 de maio.

Ela conta que a data foi idealizada em 2013 por um grupo de líderes de organizações de defesa da doença em todo o mundo, visto que o câncer de ovário é de difícil diagnóstico e um dos tumores mais silenciosos, o que dificulta sua identificação em estágio inicial da doença.

“O câncer de ovário demora a apresentar indícios, o que leva a mulher a não desconfiar da doença; por isso, é importante conhecer bem o próprio corpo, pois alguns sintomas são sutis como inchaço abdominal ou sensação de estômago cheio rapidamente após as refeições, dor pélvica (um pouco diferente da cólica menstrual, porém contínua), mudanças no hábito intestinal (diarreia ou constipação), perda de peso de forma rápida e fraqueza”, disse Mary Thereza.

Ela explica que não há exames de rotina para detectar o câncer de ovário em estágios iniciais, quando o tumor é mais tratável, e que o exame de ultrassom pélvico e o exame de sangue CA-125 são usados para detectar o câncer de ovário em mulheres de alto risco ou em mulheres com sintomas sugestivos. “Esses exames, entretanto, não são precisos o suficiente para que se possa promover a triagem de rotina em mulheres sem sintomas ou história familiar”, disse Mary Thereza.

Segundo ela, existem muitas pesquisas atuais para desenvolver exames de rastreamento para o câncer de ovário; todas sem sucesso até o momento. “O tratamento costuma envolver cirurgias para retirar a maior parte do tumor visível, seguido de quimioterapia para matar as células cancerígenas remanescentes”, explica.

Como fatores que podem aumentar o risco de desenvolver o câncer de ovário, a oncologista aponta o histórico familiar (mulheres com um ou mais parentes de primeiro grau com câncer de ovário); idade (mulheres acima de 50 anos); exposição hormonal (o uso prolongado de terapia de reposição hormonal (TRH), após a menopausa); infertilidade ou nunca ter engravidado; obesidade; tabagismo; exposição a produtos químicos (como amianto e talco).

Embora não haja medidas preventivas conhecidas para o câncer de ovário, alguns fatores podem reduzir o risco, como o uso de contraceptivos (mulheres que usam contraceptivos orais por pelo menos cinco anos têm um risco menor de desenvolver a doença); gravidez e amamentação (mulheres que tiveram filhos e amamentaram têm um risco menor de desenvolver câncer de ovário); dieta rica em frutas, verduras, grãos integrais, e baixa em gorduras pode ajudar a reduzir o risco de câncer em geral; exercício físico; remoção cirúrgica dos anexos de forma preventiva em pacientes com alto risco de câncer de ovário.

“É importante que as mulheres conversem com seu médico sobre quais exames de triagem são apropriados com base em sua história familiar e outros fatores de risco”, orientou a oncologista.