O câncer figura entre as doenças mais letais do mundo. Suas origens são diversas e relacionadas a causas externas, presentes no meio ambiente; e causas internas, como hormônios, condições imunológicas e mutações genéticas. Os fatores podem interagir de diversas formas, dando início ao surgimento da doença, que ainda é cercada por estigmas que acabam fazendo com que o tema seja evitado e, muitas vezes, repleto de tabus.
O cenário atual, entretanto, é bem mais leve e apresenta o câncer enquanto uma doença que pode ser evitada ou ainda descoberta em estágio inicial, quando as chances de cura são muito maiores. “A oncologia e a radioterapia têm apresentado avanços significativos nos últimos 10 anos, impulsionados pela pesquisa e inovação, fazendo com que a doença seja abordada com novas perspectivas de tratamento e melhores expectativas de vida”, disse o médico oncologista Fernando Medina, diretor do CECAN- Centro do Câncer da Santa Casa de Piracicaba.
Segundo ele, os avanços representam progressos significativos na luta contra o câncer, oferecendo novas esperanças para pacientes e seus familiares, de forma que a pesquisa continua sendo fundamental para desenvolver novas terapias e aprimorar as já existentes.
“É importante lembrar que o tratamento do câncer é complexo e individualizado e que a escolha do melhor tratamento depende de vários fatores, como o tipo e estágio do câncer, a saúde geral do paciente e suas preferências”, disse o médico.
No cenário das novidades oncológicas, ele cita, por exemplo, a utilização da técnica de protonterapia, técnica que permite direcionar a radiação com maior precisão ao tumor, minimizando os danos aos tecidos saudáveis circundantes. “Isso é particularmente importante em áreas sensíveis, como o cérebro, a medula espinhal e os olhos”, revelou lembrando que, comparada à radioterapia convencional, a protonterapia geralmente causa menos efeitos colaterais, como náuseas, fadiga e problemas de pele.
Medina falou também dos tratamento alvo dirigido, feitos com medicamentos ligados a anticorpos por meio da chamada terapias personalizadas, projetadas para atingir especificamente as células cancerígenas, poupando as células saudáveis. “Isso resulta em tratamentos mais eficazes e com menos efeitos colaterais”, observou o oncologista.
Outra técnica que tem surtido muito efeito positivo é a imunoterapia, que estimula o sistema imunológico a combater o câncer, com resultados promissores em combinação com medicamentos ligados a anticorpos, associada a novas drogas e combinações de medicamentos que têm sido continuamente desenvolvidas e aprovadas, expandindo as opções de tratamento para diferentes tipos de câncer. “Esses tratamentos geralmente permitem que os pacientes mantenham uma melhor qualidade de vida durante o tratamento, em comparação com a quimioterapia tradicional”, avaliou Medina.
Ele citou ainda as cirurgias minimamente invasivas, como a laparoscopia e a cirurgia robótica, que envolvem incisões menores, resultando em menos dor, menor risco de infecção e recuperação mais rápida com melhores resultados estéticos, menos trauma e recuperação mais rápida. “Isso porque as técnicas minimamente invasivas permitem que os cirurgiões acessem áreas complexas do corpo com maior precisão”, disse.
O oncologista falou também da importância das novas tecnologias e instrumentos constantemente desenvolvidos e aprimorados para tornar as cirurgias minimamente invasivas ainda mais precisas e eficazes.
“Some-se a isso os novos métodos de prevenção e diagnóstico precoce do câncer; os testes genéticos podem identificar pessoas com predisposição a certos tipos de câncer, permitindo medidas de prevenção personalizadas; a biópsia líquida, exame de sangue que pode detectar a presença de DNA tumoral circulante, auxiliando no diagnóstico precoce e no monitoramento da doença; bem como as técnicas de imagens avançadas cada vez mais sofisticadas por meio de tomografia computadorizada, ressonância magnética e PET-CT, permitindo a detecção de tumores em estágios iniciais.
“Tudo isso complementado pela inteligência artificial, utilizada para analisar imagens médicas e identificar padrões sugestivos de câncer, auxiliando no diagnóstico precoce”, concluiu Medina, mostrando-se otimista com o futuro do tratamento do câncer. Segundo ele, apesar da previsão de mais de 35 milhões de novos casos de câncer até 2050, um aumento de 77% em relação aos 20 milhões de casos estimados em 2022, a pesquisa científica certamente apresentará alternativas para que esses números sejam reduzidos.