Como existem mais de 200 tipos diferentes de câncer, cada um com suas próprias características e tratamentos, o mês de julho foi dedicado à conscientização e prevenção dos cânceres de cabeça e pescoço, de bexiga e o câncer ósseo. Segundo o oncologista Daniel Modolo, do CECAN- Centro do Câncer da Santa Casa de Piracicaba, isso ocorre porque o câncer é uma doença caracterizada pelo crescimento anormal e descontrolado de células que pode afetar qualquer parte do corpo. 

Ele explica que o câncer ósseo, por exemplo, é um tumor maligno que se origina nas células do tecido ósseo e não aqueles tumores que se espalham para os ossos a partir de outros órgãos por meio da metástase. É considerado raro, representando cerca de 1% de todos os tipos de câncer e pode afetar qualquer osso do corpo, sendo mais comum nos ossos longos das pernas, braços e pelve. 

Apresenta como sintomas dor óssea persistente, que pode piorar à noite ou com movimentos; inchaço ou massa no local do tumor; sensibilidade ou calor na área afetada; dificuldade de movimento ou rigidez articular e fraturas ósseas inesperadas. Embora ainda não haja causas definidas para o câncer ósseo, exposição à radiação, histórico familiar de câncer ósseo e certos distúrbios genéticos podem aumentar o risco para a doença.

O tratamento depende do tipo, localização e estágio do câncer, e pode incluir cirurgia para remover o tumor, quimioterapia, radioterapia, terapia-alvo e/ou transplante de medula óssea. O diagnóstico geralmente envolve exames de imagem como radiografias, ressonância magnética ou tomografia computadorizada e biópsia para análise do tecido ósseo. 

Câncer de bexiga

O oncologista ressalta que o câncer de bexiga, por sua vez, é um tumor maligno que se desenvolve nas células da bexiga, órgão responsável por armazenar a urina. O tipo mais comum é o carcinoma urotelial, que afeta o revestimento interno da bexiga e o principal sintoma é a presença de sangue na urina (hematúria), mas também podem ocorrer sintomas como dor ao urinar, aumento da frequência urinária e urgência miccional. 

Tem principais fatores de risco o tabagismo, exposição a certos produtos químicos, histórico familiar, idade e sexo, uma vez que homens brancos com idade mais avançada têm maior probabilidade de desenvolver a doença. 

O diagnóstico ocorre por meio da cistoscopia, exame que permite visualizar o interior da bexiga através de um aparelho fino e flexível com uma câmera; biópsia, cirurgia, quimioterapia, radioterapia e imunoterapia, dependendo do estágio e grau do câncer. 

Câncer de cabeça e pescoço

O oncologista alerta também para os cerca de 40 mil novos casos de câncer de cabeça e pescoço diagnosticados todos os anos no Brasil. Ele conta que a doença pode ser perigosa, especialmente se diagnosticada em estágios avançados, e engloba tumores malignos que podem se desenvolver na boca (lábios, língua, gengivas, céu da boca, assoalho bucal e bochechas); faringe (garganta), laringe (caixa de voz), fossas nasais, seios paranasais, glândulas salivares e tireoide. Tem como principais fatores de risco o tabagismo, o consumo excessivo de álcool, infecção por HPV e exposição solar.

No CECAN, referência em oncologia para a região, este tipo de tumor representa em média 14% de todos os casos de câncer, tendo sido registrado em 122 pacientes dos mais de 1.400 em tratamento na Unidade. “Para este ano, estimam-se a ocorrência de 164 novos casos; ou seja, aumento de 30% em relação ao período anterior”, disse Daniel Modolo.

Segundo ele, o diagnóstico precoce é fundamental para o tratamento eficaz e melhora do prognóstico e é preciso estar atento para os sinais mais comuns, que incluem lesões na boca que não cicatrizam, manchas brancas ou avermelhadas; dor ou dificuldade para engolir; rouquidão persistente; nódulo no pescoço; dores de cabeça persistentes; e perda de peso inexplicada.

Exames como endoscopia, biópsia e exames de imagem podem ser utilizados para identificar a doença e seu estágio para o tratamento, que pode envolver cirurgia, radioterapia, quimioterapia ou uma combinação dessas modalidades, dependendo do tipo e estágio do tumor. 

“As medidas importantes para reduzir o risco destes três tipos de cânceres são praticamente as mesmas: parar de fumar; reduzir o consumo de álcool; vacinação contra o vírus HPV; proteção solar; e higiene bucal”, lembrou o oncologista.