Cecan

31.05- Dia Mundial Sem Tabaco

16% dos pacientes do CECAN são tabagistas

O tabagismo está relacionado com doenças pulmonares, cardiovasculares e otorrinolaringológicas

Cerca de 16% dos pacientes atendidos no CECAN – Centro do Câncer da Santa Casa de Piracicaba têm câncer de pulmão; quase todos são fumantes. Mas o tabagismo não está diretamente relacionado apenas com o câncer. O vício provoca também doenças cardiovasculares, pulmonares e otorrinolaringológicas e, por esse motivo, é considerado a causa de morte evitável mais frequente no mundo.

Segundo o médico oncologista Fernando Medina, diretor do CECAN, pelo menos 40% da população mundial é tabagista. Isso representa quase 3 bilhões de pessoas usuárias de algum tipo de tabaco; todos com a mesma malignidade para a saúde humana. O problema é tão grave que o câncer é a segunda causa de morte entre pacientes tabagistas. A primeira são as doenças cardiovasculares.

Para alertar sobre esse problema de saúde pública, a Organização Mundial da Saúde (OMS) instituiu em 1987 o Dia Mundial Sem Tabaco, reverenciado em 31 de Maio. Nessa data, países e organizações de saúde promovem campanhas com o objetivo de chamar a atenção das pessoas para os riscos do tabagismo, já considerado uma epidemia mundial.

Em Piracicaba, o CECAN (Centro do Câncer) da Santa Casa de Piracicaba, realiza o programa Vida Sem Cigarro, levado a escolas, empresas e instituições por meio de palestras que alertam sobre os riscos do tabaco. A mensagem é direcionada, principalmente, às crianças, vítimas de adultos fumantes.

“Produtos com tabaco matam dois em cada três consumidores e afetam as pessoas que convivem com os fumantes, como as crianças, que acabam inalando a fumaça do cigarro e as mais de sete mil substâncias químicas que ele contém, quatro mil delas cancerígenas”, disse Medina.

Ele explica que o alcatrão presente no tabaco é altamente prejudicial à saúde e que, no cigarro, ainda é acrescida a nicotina, que tem o poder de elevar o vício de três a quatro vezes mais que a cocaína. “A substância ocupa os receptores do sistema nervoso central ao liberar um neurotransmissor que faz com que a pessoa se sinta bem e alegre”, disse. Mas, esses receptores são rapidamente esvaziados e a pessoa, então, sente necessidade de fumar nova e gradativamente, tornando o vício incontrolável.

O Brasil registra mais de 30 mil novos casos de câncer de pulmão a cada ano. A média de sobrevida dessas pessoas, após o diagnóstico, é de 10 meses. “É o índice mais alto de câncer causado pelo tabaco. Depois vêm o que chamamos de câncer de cabeça e pescoço (boca, laringe, faringe e esôfago), o de pâncreas – extremamente de difícil controle, com mortalidade alta – e, o câncer de bexiga. Este é causado porque ao tossir, a pessoa engole um pouco do alcatrão. Ele é eliminado pela urina, mas uma parte vai se concentrando no fundo da bexiga, que causa a alteração, o câncer”, explicou.

Vida sem cigarro

“Se eliminássemos o tabaco da vida das pessoas, reduziríamos muito a possibilidade delas desenvolverem o câncer de pulmão e o de pâncreas”, disse o médico oncologista Fernando Medina, diretor do CECAN da Santa Casa. Ele revela que, antes do tabaco, desenvolvido no período da Primeira Guerra Mundial, esses tipos de cânceres eram raros.

Segundo ele, o impacto de uma vida sem tabaco seria grande também na saúde pública , com a redução acentuada da busca ativa por pacientes do SUS (Sistema Único de Saúde) nas áreas da oncologia, cardiologia, pneumologia e otorrinolaringologia.

O médico oncologista Fernando Medina afirmou que um tabagista, quando consegue parar de fumar – o que é difícil e exige persistência – sente melhora no paladar e no olfato minutos após ficar sem o tabaco. Com o passar de dois anos, a parte cardiovascular melhora significativamente. “Porém, o ex-fumante começa a apresentar o mesmo nível de saúde que uma pessoa que não fuma após 20 anos sem o tabaco”, alerta.

A boa notícia é que, nos últimos 10 anos, o Inca (Instituto Nacional do Câncer) apurou que, no Brasil, houve redução de 32% do tabagismo. “Esse índice é muito bom e comprova os resultados positivos das campanhas contra o tabagismo, como as fotos de pessoas doentes nos maços de cigarro e regras mais rígidas para a publicidade”, analisa Medina.

Além disso, as leis que restringem o tabagismo em ambientes fechados causam desconforto ao fumante e o incentivam a parar de fumar. Um exemplo ocorre dentro do próprio CECAN, onde apenas um dos 50 funcionários é fumante. “Ele é constantemente monitorado e incentivado a parar de fumar”, comenta o oncologista, defensor de políticas públicas mais rígidas para evitar o tabagismo no país. Como exemplo, ele cita o aumento do preço do cigarro e a criação de regras para restringir os locais de venda, dificultando o acesso e o combate mais eficiente de cigarros contrabandeados no país.

 

 

Veja matéria publicada no jornal Gazeta de Piracicaba em 31.05.18